Category Archives: Casa da Mãe Pobre – 50 anos de Amor
Índice do Livro “Casa da Mãe Pobre 50 anos de amor”
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“O Senhor dos Mundos proteja todas essas criaturas de Deus e as inspire em todos os dias da vida, e o que de coração lhes almeja o servo dos servos do Senhor,”
Maldito preconceito
Estávamos no final do ano de 1964. Certo dia, fomos avisados de que determinado cidadão desejava falar-nos, ao qual atendemos com todo o respeito. Tratava-se de abalizado médico que há longos anos, possivelmente doze, havia estagiado na Maternidade “Casa da Mãe Pobre”.
Logo de início reconhecemo-lo. Chamemo-lo de Doutor “F”, para evitar constrangimentos. Após toucarmos idéias sobre os tempos idos, informou ser Diretor de um Hospital em sua cidade do interior e Deputado Estadual. Mais algumas confidências e, por fim, o motivo pelo qual veio ao Rio.
“Senhor Presidente – começou o Doutor “F” – o que me traz à sua presença é um caso melindroso e de muita importância para a nossa família. Trata-se de uma de minhas irmãs, vítima de um celerado.”
“Celerado?” interrompemos.
“Sim – continuou ele – porque o homem que promete casamento a uma moça, abusa dela e depois foge ao compromisso, verdadeiramente é um celerado. E é justamente o que se passou com minha irmã”.
E continuou:
“Embora originário do Estado … , minhas atividades profissionais fixaram-se mais ao sul.” (Não mencionamos o nome da localidade para evitar prejuízos morais às citadas criaturas).
Em sua minuciosa exposição, esclareceu mais o seguinte:
“A família de meus pais é uma das mais importantes, ou talvez a mais importante em todo o nosso Estado. O Sr. compreende o escândalo que um caso desses poderá causar em nossa terra, no seio de nossa família.”
E prosseguiu:
“Atendendo ao chamado urgente de meu pai, compareci imediatamente ao meu torrão natal, ocasião em que ele me relatou a difícil situação criada por minha irmã. Por sorte – aditou – minha mãe acha-se enferma e internada num hospital, o que proporcionou meios de esconder-lhe a terrível situação.”
Adivinhando o que o visitante iria propor adiante, indagamos:
“Há quantos meses sua irmã engravidou?” “Cinco”, respondeu o Dr. “F” e continuou:
“Ao tomar conhecimento do assunto, sugeri ao meu pai fazer uma cesariana na gestante, para tirar o feto, o que seria fácil e resolveria o problema, mas meu pai não aceitou a sugestão. E profundamente religioso e professa o catolicismo, o que o levou à negativa. Mas, muito aflito, pediu-me para ajudá-lo a resolver esta infelicidade.”
Atalhando, sugerimos:
“Por que não obrigam o causador desse incidente a casar com a moça?”
“Essa medida foi tentada por meu pai – esclareceu o homem. Após forçar o causador do delito a ir à sua presença, ameaçou-o, inclusive de sangrá-lo, o que realmente seria feito. Mas, depois de algumas promessas evasivas, o miserável desapareceu sem deixar vestígios. Por outro lado, ao tomar conhecimento dessa resolução, minha irmã afirmou que jamais se casaria com quem a enxovalhou, negando-se a assumir a responsabilidade. Essa atitude jogou por terra todas as nossas esperanças.”
“E agora?” Perguntamos, já adivinhando algo que pairava no ar. “Em que lhe podemos ser útil?”
O moço logo desabafou:
“Quando meu pai colocou o caso em minhas mãos, disse-lhe, desde logo, que só tínhamos uma alternativa: Transportar minha irmã para lugar ignorado, onde ela daria à luz a criança. A este meu alvitre papai cedeu, com a condição de deixá-la ao abrigo de uma casa de absoluta confiança. Após curta meditação, surgiu-me o nome e então respondi que havia uma Maternidade, no Rio, que preenchia todas essas condições, ou seja, a “Casa da Mãe Pobre”, onde fiz o meu estágio de obstetra. Lá estará resguardada como em nossa própria casa, pois conheço bem os seus dirigentes.”
Voltando-se para nós, terminou:
“Eis o motivo de minha presença”. Raciocinando sobre o assunto, chegamos à conclusão de que algo deveríamos fazer em benefício da moça e da família que ela representava. Era um caso de consciência, que punha à prova nossas reservas morais.
“Aceitamos a responsabilidade. Pode trazer sua irmã”
“J á está aqui,” respondeu o interlocutor.
Ato contínuo dirigiu-se à parte externa do prédio, onde há uma sala de estar e voltou trazendo-a pela mão. Os dois foram levados a um gabinete, onde iniciamos agradável diálogo com a moça, na tentativa de captar-lhe a simpatia, o que felizmente conseguimos. Depois veio a Administradora, Dona Mathilde, criatura simples e humana, a quem apresentamos a gestante, pondo-a à vontade. Em seguida lembramos-lhe a possibilidade de colocá-la numa casa de família até terminar o prazo da gestação a que ele anuiu.
Uma semana após surgiu essa oportunidade, mas ela negou-se a deixar a Maternidade, alegando que já se tinha habituado ao ambiente.
Despedindo-se, o irmão da jovem ficou de escrever-lhe vez por outra, mas esqueceu o compromisso.
Para lhe dar assistência pré-natal, foi escolhido o Dr. Francisco Castro, médico de toda a confiança e competência profissional.
Passaram-se quatro meses e a jovem dá à luz uma robusta menina, em parto normal, sem complicações, graças a Deus!
Incontinente foi enviado telegrama para o irmão da parturiente.
Os dias foram passando, mais de um mês, e já estava uma carta pronta para lhe ser enviada, quando ele apareceu. Desculpou-se pela demora, assim como por não ter escrito à irmã durante todo aquele tempo. E foi logo dizendo que a criança seria entregue à família de um oficial da Marinha, que a adotaria como filha.
Essa resolução angustiou-nos, de vez que tínhamos conhecimento do extremado amor da parturiente à filhinha. Como estava na hora do almoço, fomos para casa, mas não nos saía da cabeça o trauma moral que semelhante atitude causaria à infeliz mãezinha. Foi quando nos veio à mente que a mãe da criança era de maior idade.
Logo que chegamos em casa telefonamos para Dona Mathilde, ordenando-lhe as seguintes medidas:
Se a genitora fosse contrária à separação da filha, ninguém poderia obrigá-la a ceder a essa barbaridade, nem mesmo o irmão ou qualquer pessoa de sua família. De agora em diante – concluímos até que as coisas se resolvam, mãe e filha ficariam debaixo de nossa responsabilidade. Ato contínuo mandamos notificar o irmão da novel mãezinha, o qual tinha ficado na Maternidade, dessa nossa atitude.
Daí a instantes, Dona Mathilde informou-nos que a mãe da criança tinha-se debulhado em lágrimas, face à exigência do irmão, negando-se a entregar-lhe a filhinha. Em seu socorro tinha comparecido o Dr. Castro, que a assistira durante o pré-natal e a partejara, o qual exprobou a atitude do irmão da moça, convencendo-o a desistir do seu tenebroso intento. E também lhe tinha feito sentir que se no seu Estado natal predominam tais preconceitos, aqui, no Rio de Janeiro, essa intolerância já tinha acabado.
No dia seguinte, o Deputado médico solicitou mais uma fineza. A irmã seguiria com ele para a cidade onde ele residia, cujo Estado ficava longe de sua terra natal. Uma vez em sua casa, pediria à sua esposa para adotar a criança como filha. Com essa medida visava não só a aliviar a responsabilidade de sua irmã, como também deixá-la perto da filhinha. O caso ficaria intra-muros e ninguém tomaria conhecimento do assunto. A criança continuaria na “Casa da Mãe Pobre” debaixo da nossa responsabilidade e aos cuidados de D. Mathilde, até ele alcançar seus objetivos junto à esposa.
Era uma saída honrosa para a moça, desde que ela consentisse.
Posta a par da situação e face às circunstâncias, a jovem mãe aceitou o alvitre.
No dia seguinte embarcaram os dois para a distante cidade onde o médico residia.
O tempo que ele calculou para resolver o caso com a esposa foi de um mês. Todavia tinham-se passado cinco meses e nada de notícias. Essa situação inquietava-nos, mas íamos aguardando com paciência.
Em determinado dia deu-se o inesperado. Dona Mathilde recebeu telegrama comunicando que a genitora da criança chegaria ao Aeroporto às 13 horas do dia seguinte, pedindo que fossem buscá-la nesse local.
Mas não chegou na hora marcada. Inspirada, Dona Mathilde esperou-a e já passava das 16 horas quando a criatura apareceu. Magra, abatida, nem parecia ser a mesma. Quando deu com os olhos em Dona Mathilde estacou e ficou paralisada, chorando como criança. Seguiram-se abraços e carinhos e lá se foram para a “Casa da Mãe Pobre”, pois a inditosa mãe estava ansiosa para abraçar a filhinha. Depois vieram as confidências.
Contou a infeliz a sua odisséia, informando que quando chegou à casa do irmão, a cunhada recebeu-a com frieza. Para moradia, destinaram-lhe pequeno quarto existente nos fundos do quintal, ficando separada do seio da família. Para todos os efeitos, a pobre mãe era uma estranha, amargando sua infelicidade longe da filhinha querida.
Uma empregada levava-lhe a alimentação. Por essa empregada soube que o irmão tinha espalhado o boato de que ela era cancerosa, evitando-lhe por esse meio todo o contato com o mundo exterior.
Tempos após, a cunhada foi acometida de grave enfermidade e nessas circunstâncias o marido enviou-a ao Rio, a fim de consultar-se com médico especialista. A mãe da criança pediu-lhe a fineza de levar algumas roupinhas para a filha, que ela mesma havia confeccionado, e ao mesmo tempo fazer-lhe uma visitinha. Embora contrafeita, a cunhada anuiu. Na volta para sua terra natal a cunhada passou pela Maternidade “Casa da Mãe Pobre” e entregou na portaria o embrulho de roupas e uma cartinha para Dona Mathilde, seguindo viagem sem visitar a menina.
Em determinada época, a mãe da criança enfermou, sendo transportada pelo irmão para o Hospital onde ele era Diretor. Seus colegas constataram que ela sofria dos rins. Medicaram-na e optaram por sua internação, onde ela também ficou isolada.
Embora os medicamentos aplicados fossem para os rins, correu célere a notícia de que a pobre criatura era cancerosa.
Com o correr dos dias a paciente travou relações amistosas com uma das enfermeiras que a assistiam, a qual revelou-se carinhosa e humana. Entre as duas nasceu mútua amizade. Num impulso corajoso, a paciente revelou à enfermeira que não era cancerosa, do que esta já vinha desconfiando; nessa altura confiou-lhe toda a sua desdita. Impressionada com a revelação, a citada enfermeira prometeu ajudá-la.
Impressões e alvitres foram trocados entre ambas. E dessas conversas íntimas surgiu a idéia de a moça entregar à enfermeira um relógio-pulseira com brilhantes, única jóia que possuía. Aproveitando-se da ausência do irmão, numa das muitas viagens que ele fazia ao interior do Estado, a jóia foi vendida e com o produto da venda a enfermeira comprou uma passagem de avião para o Rio de Janeiro.
LIVRE DO ALGOZ
O avião fez escala em São Paulo, onde todos os passageiros desembarcaram por algum tempo. E aconteceu o inesperado. A moça nunca tinha viajado sozinha de avião e, ao deixá-lo, encaminhou-se para o salão de espera, jogando-se em cima de uma poltrona; vendo a demora, foi ao balcão indagar os motivos. A moça que a atendeu arregalou os olhos, espantada, e informou-a de que o avião já tinha partido para o Rio. E perguntou-lhe:
“Por que a senhora não compareceu à chamada?”
A passageira ficou estarrecida e caiu em pranto. pois só lhe restavam poucos cruzeiros.
Levado o assunto ao conhecimento da direção da Empresa, seu dirigente, penalizado, mandou fornecer-lhe outra passagem.
Esse incidente causou-lhe o atraso de mais de três horas, justamente o tempo em que Dona Mathilde ficou esperando.
Foi acolhida na “Casa da Mãe Pobre” com todo o carinho, ficando provisoriamente no Hospital, até que a situação fosse resolvida.
Uma reunião memorável
Tremenda gripe levou-me a Caratinga. Deixando o ônibus, recolhi-me logo ao Hotel, com febre alta. Tinha a impressão de que agulhas ferozes me atraavessavam o cérebro de instante a instante.
Após duas horas de sono, acordei com a roupa toda ensopada de suor. Por último, embrulhei-me num lençol, pois não possuía mais roupa para mudar.
Na primeira noite, a Presidente do “Grupo Espírita Dias da Cruz”, Dona Maria, o médium principal do grupo, Antônio Sales e mais duas médiuns foram visitar-me. O Antônio aplicou-me passes e deixou-me dois vidros de remédios, um preparado pelos Espíritos e outro adquirido na farmácia da cidade, para serem tomados de meia em meia hora.
Todo esse arsenal resultou inútil. O febrão continuava, bem assim as transpirações. No sábado fui levado de carro para o Grupo Espírita. Os trabalhos, como sempre, começavam às 19 horas. Para não apanhar vento, o que poderia prejudicar-me, fui colocado dentro da cabine, onde os Espíritos materializados realizavam os tratamentos e trabalhos cirúrgicos.
Lá pelas tantas, o Espírito que atende pelo nome de Dr. Joseph, chamou-me para perto da mesa de curativos, onde se achava um cidadão deitado. Seguidamente mostrou-me um recipiente, onde se achava pequena quantidade de material branco como a neve e perguntou:
“Você sabe o que é isto?”
Afirmei que sim. Era radium. Noutra oportunidade tinha-me colocado pequena porção na concha de uma das mãos. A seguir, o Dr. Joseph segurou uma lâmpada trazida do espaço, cuja cor variava entre o roxo e o rosa e que tinha o poder de penetrar no organismo das pessoas, talvez mais profundamente do que os raios X. Colocou o citado aparelho a uns vinte centímetros da orelha do paciente que se achava em cima da mesa e indicou um objeto igual a uma pevide de amêndoa, mais ou menos do mesmo tamanho, e informou:
“Estamos frente a frente com um câncer. Os médicos da Terra não puderam curar o enfermo, mas com a graça de Deus, vamos exterminá-lo.”
Firmando bem os olhos observei a carne, ou o que possa chamar-se de orelha, vermelhinha puxado ao róseo. Em determinado local lá estava o estranho objeto. O Dr. Joseph então segurou a pinça e cutucou a pevide; esta mexeu-se em uma das pontas, mas o restante continuava firme no local. Em seguida, mandaram-me novamente sentar. (Dois meses após, em outra viagem, soubemos que o homem citado estava radicalmente curado).
Passados uns vinte minutos, foi a vez do irmão José Grosso também se materializar. Em pé, junto a uma das paredes e talvez a três metros de distância de onde me encontrava, dirigiu-me a palavra:
“Magalhães, desta vez consegui revestir-me de luz”. (Realmente seu organismo irradiava luz, um tanto fraca, mas dava para se ver o seu corpo inteiro). A seguir, ordenou-me:
“Levanta! ”
Levantei-me e alguém que nunca pude saber quem fosse, segurou-me a cabeça com ambas as mãos, jogando-a de um para outro lado. A seguir, deu-me um beijo no rosto, tão nítido que senti os lábios frios do Espírito e um odor um tanto desagradável – penso que do ectoplasma.
Tive a impressão de que o Espírito não tinha prática dos trabalhos de materialização, daí jogar-me a cabeça de um lado para o outro.
A seguir, deixou-nos e desapareceu. Nesse exato momento, o José Grosso ordenou-me novamente:
“Magalhães, vem cá. Não tenhas medo!” Dirigi-me em sua direção e fiquei ao seu lado esquerdo. Minha cabeça ficava abaixo dos seus ombros, tal a sua altura. Foi quando ele passou sua mão direita por cima de meus cabelos e jocosamente anunciou:
“Olhem o tamanho dele”.
O pessoal presente riu-se à vontade! Aproveitei o momento e passei meu braço direito em torno dos seus costados, verificando que, apesar da altura, seu corpo era esguio. Encostei minha cabeça em seu peito e senti o coração pulsar.
Mandou-me abraçar outro Espírito, o Dr. Dias da Cruz, justamente o Patrono do Grupo, o qual era de compleição robusta. Este deu-se a conhecer quando afirmou:
“Sou eu, Magalhães, o Dias da Cruz”.
A voz do José Grosso parece um trovão. A do Dr. Dias da Cruz é cheia e grossa. Duas figuras desiguais no corpo e na voz.
Não me puderam fazer o tratamento necessário, devido ao meu grave estado, informando que a enfermidade podia transformar-se em pneumonia. O Dr. Joseph convocou a Dona Maria e os médiuns para estarem no mesmo local, no dia seguinte, domingo, às 14 horas.
Nesse dia, à hora certa, lá estava todo o pessoal. Como são disciplinados! Nessa reunião não houve materialização, mas sim incorporação. Duas mãos, uma de cada médium, ficaram em cima da minha testa por largo tempo. A dor de cabeça melhorou, mas não cedeu de todo, com fisgadas mais suaves. Não tendo a enfermidade cedido, o Dr. Joseph determinou que às 19 horas do mesmo dia deveria ser realizada nova reunião e, à hora marcada, lá estava todo o pessoal. Deus lhes pague em bênçãos de misericórdia os seus cuidados.
Processou-se a nova materialização; senti então um fato sui generis. Algo que não posso descrever com exatidão. O meu peito parecia ter sido retalhado em todas as direções. Não eram cortes retos, mas em ziguezague. A dor era intensa, mas dentro em pouco estava tudo terminado e as dores do peito desapareceram. Por fim levaram-me novamente para o hotel. Chegando ao quarto tirei a roupa do corpo.
Que estranho! Por fora, a pele que recobre o peito nada sofreu. Tenho a impressão nítida de que retalharam o tórax do meu perispírito. Pois sofri dores horríveis no momento em que meu peito estava sendo retalhado.
Então melhorei consideravelmente. Todavia a dor de cabeça persistia, mais branda. Na segunda-feira, o amigo Manoel Ribeiro foi visitar-me à noite, entabulando amistosa palestra. Pouco depois chegou José Vasconcelos, médium de raras qualidades, que trabalhava no Grupo. Nosso amigo Manoel pediu ao José para dar-me uns passes, no que foi logo atendido. Esses passes terminaram definitivamente com a malfadada dor de cabeça. O apetite, no entanto, continuava nulo.
Na quarta-feira prosseguia sem apetite. Para comer um pouco de mingau era preciso misturar uma pitada de café, para lhe dar gosto mais agradável, assim mesmo era engolido à força. Nesse mesmo dia fui visitar nosso amigo Manoel Ribeiro e falamos sobre o milagre do passe que me libertou da dor de cabeça. Foi quando o amigo me revelou que o Guia Espiritual tinha-lhe afirmado que os passes aplicados por aquele médium alcançavam o perispírito.
Embarquei para o Rio no mesmo dia, às 08h40min. Quando cheguei em Além Paraíba, às 13:30 horas, tinha fome pela primeira vez em sete dias. E graças a Deus me restabeleci.
Que povo bom, disciplinado e trabalhador são os Espíritas de Caratinga!
Dona Maria Coutinho Muniz foi de uma dedicação a toda prova – costumamos chamá-la “Anjo de Caratinga” . O mesmo podemos dizer do médium Antônio e de todos os membros daquele abençoado Grupo de Amor e Luz.
Deus os abençoe em todos os dias da vida, são nossos sinceros votos.
Fonte: Livro Casa da Mãe Pobre 50 anos de amor de Henrique Magalhães